quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Biotoxinas deixam mariscadores da Ria parados

Quatro centenas de mariscadores locais com licença ficaram sem a sua principal fonte de rendimentos que se deve, em grande parte, à venda para Espanha. O regresso à Ria depende dos resultados das novas análises do Instituto das Pescas da Investigação e do Mar (IPIMAR).

O motivo que motivou a paragem no final da passada semana “é o de sempre”, lamentava ontem Domingos Silva, pescador da praia da Torreira, Murtosa. A interdição era esperada nas artes tradicionais “mais cedo”, já que, habitualmente, está relacionada com as épocas de temperaturas mais elevadas.

Nos últimos dias, como alternativa, os apanhadores de berbigão e mexilhão “viraram-se para o linguado, pois é a altura dele”, disse o mesmo pescador. Mas “é tanta gente a trabalhar” na Ria que a oferta faz baixar os preços. Vende-se agora a quatro euros o quilo, quando ainda há pouco tempo era comprado a seis. A rentabilidade da pesca fica posta em causa.

Entretanto, o Sindicato dos Trabalhadores da Pesca do Norte (STPN) reclamou mais informação dos organismos responsáveis pela interdição sobre “os valores que se registaram nas análises da passada semana” bem como “a previsão da paragem”. Para tanto, foi solicitada uma reunião em Aveiro “para analisar este e outros problemas das comunidades piscatórias”.

Uma das controvérsias recorrentes prende-se com a alegada falta de rigor das análises, dado que, segundo conhecedores da laguna, existem locais onde se poderia exercer a actividade. O STPN alerta ainda os serviços regionais da Segurança Social para “evitar que se crie novamente uma situação de endividamento destes pescadores” que não são abrangidos por isenção quando a actividade fica suspensa. Em 2008, os pescadores de bivalves da Ria de Aveiro estiveram quase todo o último semestre do ano proibidos de apanhar bivalves, tendo sido obrigados a recorrer ao Fundo de Compensação Salarial.

Risco de morte

O consumo de bivalves contaminados com a biotoxina marinha PSP, em doses elevadas, pode dificultar a respiração e até causar a morte devido a paralisia respiratória. Apresenta como sintomas “formigueiro ou dormência nos lábios, rosto e pescoço, que progride para comichão nas mãos e pés, vertigens e náuseas".

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